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22/06/2006 - 09:51:12

O torcedor está certo

Carlos Silva

A enquete do sítio Ramalhonautas durante a Copa do Mundo propõe aos ramalhinos a seguinte questão: você prefere o acesso do Ramalhão à Série A ou o hexacampeonato da seleção brasileira? Até hoje, quanto o Brasil joga sua última partida na 1ª fase da Copa, 90% dos torcedores que responderam a enquete preferem o acesso do Ramalhão.

Parece que a Copa da Alemanha realmente não é a prioridade para os torcedores ramalhinos. No Mural deste sítio, verifico que muito pouco se fala sobre a Copa: mesmo neste recesso forçado, os torcedores que deixam mensagens por lá vem mantendo o foco nos quase infindáveis problemas que envolvem o Ramalhão. E uma discussão recente no mural (que na verdade é antiga e volta e meia acaba sendo retomada) foi disparada pela notícia da contratação do Dedimar pelo Marília, e pela "quase" ida de Ruy Scarpino para o Atlético Sorocaba: por que o Santo André vive "perdendo" profissionais para times "menos expressivos"? Ou, por outra via: por que o Santo André dispõe de menos recursos financeiros do que a maioria de seus adversários?

Não é por acaso que a questão volta à baila com freqüência: ela guarda relação direta com o futuro do futebol do clube e, ouso dizer, com a sua própria sobrevivência.

Para o ramalhonauta bem informado, não é segredo que o Santo André gasta com o futebol, incluídas as categorias de base, cerca de R$ 300 mil mensais, e que tais recursos provêm quase que exclusivamente dos patrocinadores, além da renda eventual da negociação de algum atleta e de alguns repasses da área social (Poliesportivo). As outras fontes de que o clube poderia valer-se – as bilheterias e as verbas de transmissão da TV – estão praticamente secas: o repasse da FBA aos clubes filiados é de cerca de R$ 400 mil para a temporada toda, quase uma insignificância, mas é o que se pode conseguir por um torneio de pouco interesse da mídia fora das regiões Norte e Nordeste. Quanto às bilheterias dos jogos no Bruno Daniel, nem temos mais alento para voltar ao assunto.

Mas eu discordo da idéia que o Santo André receba menos recursos que seus adversários diretos na Série B. Na verdade os patrocínios do Ramalhão são de grande monta, se comparados aos da maioria dos times rivais; o nosso problema é que essas verbas são na prática as únicas que temos, enquanto outros clubes contam também com outras fontes de renda, tais como as bilheterias, quando não outras origens "não declaradas" (para bom entendedor...). Nessa situação, fica muito difícil o Ramalhão competir com outras equipes mais bem estruturadas financeiramente.

E aí, o que fazer? A saída óbvia parece ser conseguir patrocínios mais rentáveis. Mas onde obtê-los? E o que teríamos a oferecer-lhes em troca de seu dinheiro, além de uma visibilidade ínfima na TV, um estádio quase vazio nos jogos do time e uma cidade de grande população e capacidade financeira declinante mas ainda elevada, mas que está de costas para o clube? Ficou claro, na Copa do Brasil e na Libertadores, que não devemos contar com nenhum "civismo" por parte dos empresários da região: é claro que eles só se motivam pelo aspecto financeiro, e nesse ponto o Ramalhão não lhes é nada atraente. E ainda há quem pergunte porque não temos o apoio de uma Pirelli, Firestone, Volkswagen e outras grandes empresas da região...

Há uns poucos anos, vivíamos uma situação bem semelhante à atual, quando estávamos na Série C e não nos conformávamos em ver times do mesmo porte do Ramalhão, como Etti Jundiaí, Mogi Mirim, Bragantino, União de Araras e Marília na Série B. Lembro-me que, nessa época, postei uma mensagem na lista dizendo que só tínhamos uma saída: subir, subir a qualquer custo para a Segundona, com os recursos disponíveis e passando por cima de todas as dificuldades. E conseguimos fazer justamente isso em 2003, pois conseguimos pela primeira vez conjugar um objetivo razoavelmente bem planejado e uma equipe realmente forte, construída nas categorias de base; tão forte que foi a base da conquista da Copa do Brasil no ano seguinte.

E a saída que temos agora para superar os sérios obstáculos financeiros é exatamente a mesma: subir. Subir o quanto antes para a Série A, passando por cima de todas as limitações e dificuldades, para atingirmos um novo patamar de arrecadação (leia-se TV), bem como alcançarmos a visibilidade que o Brasileirão proporciona para conseguirmos parcerias mais fortes. Ou isso, ou esperarmos por um improvável "milagre da multiplicação das verbas".

A conclusão a que chego é que o pessoal que respondeu a enquete está com toda a razão. O acesso é muito mais importante para nós do que o possível "hexa" da seleção na Alemanha. E essa resposta não tem nada a ver com bairrismo ou fanatismo pelo clube: é, acima de tudo, uma questão de sobrevivência.







 

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